terça-feira, 11 de agosto de 2015

MEU AMADO CRIS



A situação em que me encontro é também o verbo que mais convivo.
Explico:
Quando deixei de ser mulher e me tornei mãe, minha alma aprendeu a cantar a doce melodia da felicidade. Uma felicidade plena que enaltecia meu ser ao divino.
Hoje estou de luto!
Perdi você, razão do meu viver, pedaço de mim e vivo, aliás, sobrevivo sem meu pedaço mais iluminado. A melodia da felicidade plena se calou em minha alma, dando lugar à um vazio que jamais em vida será preenchido, a beleza do mundo perdeu a cor, perdeu o cheiro, o gosto, o tato...
Sinto meu coração vazio, minha alma murcha... Ninguém compreende o que passo, o que sinto, o por quê sinto...
Talvez aos olhos do mundo eu seja apenas uma coitada, uma pobre mulher que perdeu um filho, uma mulher que é mãe, mas uma mãe que não tem seu filho para educar, amar, acompanhar o aprendizado da vida, zelar seus passos e mantê-lo seguro.
Falhei no papel de mãe?
Quem sabe?!
Talvez se eu tivesse... ou quem sabe se eu pudesse ter ....
Lacunas que são preenchidas cada dia com situações que penso que, talvez, pudesse eu ter interferido e salvo a vida do meu pedaço mais precioso. Ou quem sabe nessa vida que me resta algum dia eu consiga entender. Não definitiva e certamente que nunca entenderei ou irei aceitar. Dias que me martirizo, noites que me despedaçam no escuro das minhas indagações e do vazio da tua presença.
Não foi destino, não foi falta de sorte, não é culpa de Deus.... Quem sou eu para tentar tomar satisfações do por que aconteceu isso e não aquilo?
Talvez, quem sabe, e se...
Duvidas que sempre vão tirar meu sono e aumentar minhas incertezas...
Talvez se eu tivesse te abraçado mais forte, sem deixar sair?
Quem sabe se tivesse insistido...
E se fosse possível te ver agora, aqui na minha frente, como você estaria?
Eu luto!
E é assim que minha situação se transforma em verbo!
Luto para sobreviver sem você;
Luto para continuar;
Luto para não acreditar, sei que tudo não passou de um pesadelo;
Luto para dormir, luto para não acordar porque estamos novamente juntos e felizes;
Luto porque o amanhecer me traz toda a dor novamente, luto porque dói até para respirar...
Luto contra tudo, contra todos que querem que te esqueça;
Luto contra o silêncio, luto contra o esquecimento;
Luto para sorrir, para que tudo o que você viveu seja perpetuado de algum jeito, luto!
Luto porque é o que me resta...
Depois de tanta dor, de tanta saudade, da tua ausência, do vazio do luto, eu ainda tenho forças para lutar.
Com unhas e dentes, com todas as minhas forças para um dia merecer te encontrar mais uma vez na eternidade!
Copyright © Flávia Rott

Nenhum comentário:

Postar um comentário